sábado, 19 de outubro de 2013

Mariana Weickert: "Paguei caro pela minha paz"

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POR BRUNO SEGADILHA; FOTOS DE LUFE GOMES



No ar com dois programas na TV, a apresentadora conta por que decidiu deixar as passarelas quando ainda era considerada uma das principais modelos do país e, namorando o administrador Bruno Couri há quatro anos, diz que nunca pensou em subir ao altar. “Não sigo nenhum preceito religioso. Então, vou me fantasiar de virgem, fingir que sou uma princesa?”



Mariana Weickert não para. Uma das mais famosas modelos que o país já teve e hoje apresentadora, ela se desdobra no comando de dois programas de TV: o polêmico A Liga, na Band, e o Vamos Combinar, no canal pago GNT. A catarinense de 31 anos conta que tem trabalhado até de madrugada para conciliar todos os seus afazeres, mas não reclama. “Estou muito feliz”, diz ela, que deixou, há oito anos, as passarelas, ambiente que, segundo conta, não a fazia mais feliz. “Moda nunca foi meu estilo de vida, sempre foi meu sustento”, explica Mariana.

Durante as quase duas horas de entrevista a QUEM, ela lembrou os tempos em que desfilava para grandes marcas, falou sobre o relacionamento de quatro anos com o administrador Bruno Couri e contou que nunca teve sonhos tradicionais, como o de se casar de véu e grinalda, na igreja. “Sou extremamente espiritualizada, mas não sigo nenhum preceito religioso. Então, vou me fantasiar de virgem, fingir que sou uma princesa?”, questiona.

QUEM: Você está no ar em A Liga, na Band, e no Vamos Combinar, no GNT. Como concilia os dois trabalhos?
Mariana Weickert: É a fase mais enlouquecedora que já tive, mas também é a que me dá mais prazer. Tenho que dar conta dos dois programas e sou uma pessoa só. O que faço para dar certo é trabalhar de dia em um, de madrugada em outro, e nos finais de semana também. É um desgaste físico, mental e emocional, mas estou feliz. Em A Liga, por exemplo, mostramos coisas bem fortes no ar.

QUEM: Que situação mais a impressionou em A Liga?
MW: Não dá para comparar. Vi desde o desespero de gente que mora no esgoto até pessoas viciadas em crack, no centro de São Paulo. Todos os assuntos mexem muito comigo. Percebo que a gente vive em uma bolha. Não porque a gente é ruim e não está nem aí com a realidade alheia, mas porque não estava ali para ver. Quando a gente para e presta atenção, é muito triste.

QUEM: É um trabalho que caminha para o jornalismo...
MW: Na verdade, a gente não reporta, vive as situações. Tento me pôr na condição do meu personagem. Se ele vai dormir na rua, quero vivenciar aquilo, quero sentir, pelo menos por uma fração do meu dia, aquela realidade. Já pensei em seguir várias carreiras, mas nunca jornalismo.

QUEM: Com tanto trabalho, sobra tempo para a vida pessoal, para se dedicar ao namorado?
MW: Relacionamento é isso, uma parceria. A gente sabe que tem um ao outro para se apoiar, ou num momento de canseira ou em uma viagem incrível. A sociedade sempre me disse que eu encontraria um príncipe encantado e que seria fácil. Isso não existe. Um dos maiores desafios do ser humano não é ser bem-sucedido, conseguir independência, é ter um relacionamento maduro e genuinamente saudável – quando você quer estar com a outra pessoa porque quer, não porque tem medo de ficar só ou porque quer desesperadamente um filho. Temos nossas individualidades e esse é o nosso elixir.

QUEM: Pensa em se casar?
MW: Já fui mais princesinha nesse sentido. A gente já mora junto. Acho que vai acontecer em algum momento, mas não me imagino entrando numa igreja. Sou espiritualizada, mas não sigo nenhum preceito religioso. Então, vou me fantasiar de virgem, fingir que sou uma princesa? Talvez aconteça de eu me vestir de branco, mas não tenho esse sonho.

QUEM: Seus pais cobram isso, ou que você tenha filhos?
MW: Acho que eles são tão tranquilos e me conhecem tão bem que já sabem quem sou. Gostaria de ser mãe? Sim, mas aquele clique que dizem que vai dar não deu. Como deve ser? De repente você está cozinhando ou escovando os dentes e sente uma vontade avassaladora de ter filhos? Como qualquer casal, eu e Bruno conversamos sobre isso, mas, pelo menos por hora, não daria, não temos tempo. Não posso me dar ao luxo de parar de trabalhar. Trabalho, para mim, não é uma vaidade, é uma necessidade.

QUEM: Você trocou as passarelas pela televisão. Por quê?
MW: Na moda, tive a oportunidade de realizar todos os meus sonhos profissionais. Quando vi que tinha aberto os desfiles que queria, fotografado com quem sonhava, aquilo parou de me alimentar. Vim para uma São Paulo Fashion Week em 2004, ficaria só cinco dias, mas não voltei. Fui uma tremenda de uma irresponsável.


QUEM: O que aconteceu?
MW: Saindo de São Paulo, faria o prêt-à-porter de Nova York. Acabei não voltando e posterguei minha volta para a próxima rodada de desfiles, que seria em Londres. Chegou a vez de Londres, disse que iria direto para os de Paris. E fui postergando. Não consegui assumir para mim mesma que não queria mais aquela vida para mim, que não achava mais legal colocar uma roupa incrível e sair desfilando. Não achava legal ir à festa de não sei quem. Peguei tanta ojeriza daquela minha vida e medo de que alguém fosse tentar me convencer do contrário que não assumi isso e fui ficando no Brasil. Tinha uma vida em Nova York, casa mobiliada... Contratei uma empresa de mudança por telefone, e eles mandaram tudo em um contêiner, peguei no Porto de Santos. Paguei caro pela minha paz, deixei de ganhar muito dinheiro.

QUEM: Arrependeu-se de algo?
MW: Não que eu me arrependa, mas talvez tivesse feito de um jeito diferente. Por exemplo: a Donatella Versace oferecia um jantar seguido de uma festa em Milão que era a festa da temporada. Nunca fui, nem para dizer se a casa era bonita ou cafona. Ia para o meu hotel tentar falar com meus amigos, era meio nerd, montava quebra-cabeças de 5 mil peças, lia Operação Cavalo de Troia, tinha outra realidade.

QUEM: Foram anos de sofrimento?
MW: Não, eu não era uma sofredora! Não fui morar fora obrigada nem para ajudar minha família. Foi opção minha. Mas lá não era tão feliz quanto aqui, perto da minha família e amigas. Sou mais feliz, alegre, comunicativa aqui. Lá, ficava bitolada, não saía, não conhecia lugar nenhum, estava em Nova York para trabalhar apenas.


QUEM: Sofria para ser magra?
MW: Acho que as pessoas ainda não perceberam que existe uma ordem natural das coisas. Antes de querer ser modelo, você precisa ter um biotipo, ser alta e magra, e não o contrário. A menina que não tem esse biotipo e resolve emagrecer para se enquadrar sofre.

QUEM: Nunca fez dieta?
MW: Hoje, eu me cuido. Faço dieta porque quero ser magra e durinha. Tento comer tudo integral, não como chocolate todo dia porque quero ter uma pele melhor, menos celulite. Não tenho tendência a engordar, mas sempre quero perder 2 quilinhos. É uma insatisfação constante de mulher.

QUEM: O que faz para se cuidar?
MW: Eu me cuido dentro do que acho que é bom para mim. Não me privo de beber, gosto de um vinho, um uísque. Não vou virar a louca do frango com batata-doce. Malho quatro vezes por semana com um personal trainer, mas não gosto. Ir à academia é como ser surrada, a tal da endorfina não deve ser liberada para mim, saio do mesmo jeito que entro (risos). Evito fritura, mas não vou deixar de comer uma coxinha. No fim do ano, quando quero botar o biquíni, corro atrás do prejuízo. Faço uma drenagem linfática e dá uma boa melhorada.




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